terça-feira, 23 de junho de 2009

A culpa é da discalculia


O distúrbio é o grande responsável por dificultar na aprendizagem de matemática - como a realização de contas simples de soma, subtração, divisão e multiplicação - e na confusão na hora de assimilar fórmulas e conceitos da matéria.

A reclamação nas salas de aula é quase sempre a mesma: "Eu odeio matemática".

Por ser vista como difícil e pouco estimulante, a matéria é uma das mais odiadas no currículo escolar. "Muitos alunos têm preguiça de pensar e por isso não gostam das aulas", afirma a professora de Ensino Fundamental, Tereza Almeida.

Se esses "preguiçosos" podem escolher entre se dedicar ou não à matéria, outra categoria de alunos acaba não tendo outra opção a não ser pensar que a matemática é mesmo a vilã.

Os discálculos, como são chamadas as pessoas que têm dificuldade com questões envolvendo números e fórmulas, estão presentes em salas de aula de todo o mundo e, muitas vezes, nem sabem que têm um problema.

A discalculia é uma desordem parecida com a dislexia – dificuldade de escrita, leitura e interpretação – mas está relacionada especificamente a área de exatas.

A doença pode afetar pessoas de todas as idades e de qualquer nível de QI.
Para os discálculos, atividades como ver a hora em relógios analógicos, se guiar com as direções (norte, sul, leste, oeste) e até diferenciar os lados esquerdo e direito, podem ser tornar uma tarefa bastante difícil.

Apesar de os sintomas da discalculia se manifestarem desde cedo, o problema passa, quase sempre, despercebido nas salas de aula.

Segundo Márcia Lima de Albuquerque, formada em Pedagogia e pós-graduada em Psicopedagogia, muitos professores não têm sensibilidade o suficiente para perceber que o problema do aluno é mais complexo. “Os alunos que chegam para as sessões já têm um histórico longo com problemas de matemática.

Muitos professores pensam que eles são preguiçosos e desinteressados e isso os desestimula de alguma forma”, diz.

A estudante Ariane Melo, de 24 anos, tinha dificuldades com matemática desde a época de escola, mas só descobriu a doença há pouco tempo. "No colegial, me achava burra demais para resolver as fórmulas que o professor passava na lousa.
Todos os meus amigos, até aqueles que não prestavam atenção nas aulas, sabiam fazer os exercícios e eu não", conta. "Escolhi um curso na área de humanas na faculdade justamente por ter certeza que em exatas eu não me daria bem", completa.
Para a professora Tereza Almeida, o melhor jeito de ensinar matemática, seja para alunos com dificuldades ou não, é usando a criatividade. “Ao invés de fazê-los decorar uma fórmula, porque não ensiná-los a se divertir com ela? Nas minhas aulas, levou o violão para a sala de aula e faço músicas com as fórmulas aritméticas”, revela.

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