Cadáver sem CPF
Artigo em O Estado
Artigo em O Estado
Foi capa deste jornal:
Um morador de rua de Fortaleza passou mal na manhã de terça
(14 de julho) e morreu por falta de socorro.
Pessoas que viam a cena telefonaram várias vezes aos serviços de atendimento da prefeitura, sendo que a primeira dessas ligações foi feita aproximadamente às 9 horas.
Às 15h30, o mendigo estava morto na calçada.
O rabecão chegou alguns minutos depois. Foi o único carro que apareceu na hora certa.
Nessas seis horas entre a primeira ligação e o último suspiro, o morador de rua teve que passar por uma cuidadosa análise documental.
Irresponsavelmente, ele decidiu morar na rua sem tomar o cuidado de levar consigo um cartão com nome, idade e CPF para o caso de ter um ataque e precisar fornecer os dados aos serviços de atendimento.
O azar foi grande, visto que os atendentes ainda uniram esforços para salvar a vida do homem, transferindo energicamente as ligações de setor para setor, durante seis horas, com o objetivo de sensibilizar o maior número possível de funcionários.
Essa corrente de solidariedade foi montada pela burocracia municipal das 9h às 15h.
Não se sabe se houve pausa para o almoço às 12h.
Escreveu o repórter: “O jornal O Estado entrou em contato com o 193 e passou pela mesma situação de transferência de setores, até a ligação cair no coordenador do Samu (Serviço de Atendimento Médico de Urgência), o médico Emílio Guilhon. Ele informou que dois fatores contribuíram para que a ambulância não comparecesse ao local: a greve dos socorristas do Samu, que já dura quase dois meses e a ausência de informações do estado de saúde da vítima.
‘Sete ambulâncias para socorros básicos estavam pela manhã em Fortaleza, em bairros descentralizados, como Conjunto Ceará, Messejana e Papicu, com dois socorristas cada. À tarde tivemos a redução de uma, com mais três UTI’s Móveis. Com esse desfalque corre o risco de passarem as ocorrências’”.
Entre os sucessivos pedidos por uma ambulância e as exigências da papelada, a burocracia escolhe essas últimas. Sem CPF, nem pensar.
É ridículo, é praticamente uma nota solta dos Bruzundangas. O morador de rua foi negligente. Poderia estar vivo se tivesse com sua documentação a mesma atenção que os funcionários da saúde municipal têm em recolher informações impossíveis.
Até quando Ceará ???
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